Política

Brasil ainda considera o Turismo como barganha política

Economista, Abdon Barretto Filho é uma das figuras que mais luta pelo fortalecimento do turismo gaúcho e brasileiro

Abdon Barretto Filho é uma das figuras que mais luta pelo fortalecimento do turismo gaúcho e brasileiro. Economista, mestre em Comunicação Social, especializado em Economia, Comunicação e Marketing aplicados às Cidades, Empresas e Entidades, destacando-se em eventos, hotelaria, hospitalidade e Turismo, Abdon acredita fortemente no setor como fonte de renda, emprego e impostos.

Ele é também reconhecido por seu pioneirismo na defesa do turismo paleobotânico em Santa Maria e Região e tem mais de 40 anos de contribuições acadêmicas e profissionais, sendo 12 anos no Itaimbé Palace Hotel de Santa Maria, Planalto Turismo e 23 anos na Rede Plaza de Hotéis, Resorts & Spas Brasil e em entidades ligadas ao Turismo na Bahia.

Além disso, aplicando a Economia do Turismo e o Marketing Turístico, principalmente na Bahia e no Rio Grande do Sul. Tem um extenso currículo na área de eventos, palestras, consultorias, literatura turística. Aqui ele fala sobre os rumos do Turismo no RS e Brasil neste momento especial em que muita gente se desloca pelo país ou vem do exterior para cá para usufruir de férias em locais considerados paradisíacos como dizem os manuais e panfletagem turística. Confira as opiniões de Abdon:

Brasil de Fato RS – Estamos em época de férias. O Brasil está pronto – hotéis, estradas, restaurantes – para receber um bom volume de turistas estrangeiros ou uma grande locomoção para todos os lados de viajantes brasileiros?

Abdon Barretto Filho – O Brasil oferece muitas atrações turísticas que podem atender os visitantes com tempo livre e disponibilidades financeiras.

BdFRS – A questão de segurança, tão falada e questionada, é um problema para turistas de fora e de dentro do Brasil?

Abdon – Segundo pesquisas mundiais, os visitantes decidem sobre o Destino Turístico com base na Marca (Imagem); Segurança; Comodidade e Preço. A Segurança é indispensável no ir e vir; nas visitas; nas reservas. Os problemas são registrados na imprensa e redes sociais. Notícia ruim, afasta o visitante. Logo, influencia a tomada de decisão em qualquer parte do mundo.

BdFRS – Aqui no RS, o turismo é uma fonte respeitável de emprego e renda ou tem muito ainda a ser feito?

Abdon – Sim. Deve ser Política de Estado e não do governo eleito que utiliza a Secretaria de Turismo para negociações de políticas partidárias. Nos quatro anos eliminam as boas práticas anteriores, contratam neófitos e recomeçam novos projetos ou ignoram as conquistas, com honrosas exceções.

Os exemplos de Gramado, Canela, Nova Petrópolis, Bento Gonçalves, entre outros destaques, confirmam o modelo de parcerias públicas e privadas que são mantidos. Os políticos passam, as empresas turísticas continuam gerando emprego, renda, pagando impostos e contribuindo com a autoestima da comunidade do núcleo receptor.

BdFRS – Por que os governos regional e federal insistem em nomear políticos, que nada entendem do setor, e não técnicos e estudiosos da área em empresas, secretarias e ministério do turismo?

Abdon – São decisões para trocas de favores. Barganhas políticas. O Turismo precisa de comprometimento, seriedade e continuidade, inclusive com Orçamentos e Gestões mais profissionais, afastando aprendizes, neófitos e deslumbrados com as viagens, eventos e as oportunidades oferecidas pelo fenômeno turístico. Existem boas opções que dependem de escolhas políticas.

BdFRS – O planejamento e os recursos para o turismo são escassos, todo mundo sabe, mas como especialista achas que são suficientes para atender as demandas dos viajantes?

Abdon – Em uma Economia de Mercado, os investimentos públicos e privados são para atender demandas ou criá-las. No Brasil, os governos devem estar concentrados na infraestrutura do bem receber. Em continuação, na qualificação dos bens e/ou serviços. Todo investimento deve ser utilizado pelo visitante e pelas comunidades.

A cidade é boa para o visitante se for boa para o habitante. É papel do governo promover o destino, assim como o apoio à comercialização. O produto turístico principal pode ser exportado, sendo seu consumo realizado onde foi gerado, trazendo visitantes e divisas.

BdFRS – Por que polos turísticos, como a Serra Gaúcha, são tão caros e cobram preços de primeiro mundo?

Abdon – Em primeira instância, os preços são sazonais, flutuantes e inconstantes. Logo, os preços exigem planejamento, pesquisas e antecedências de reservas. Além disso, devem ser comparados com outras opções ou datas das visitas. Com certeza, o preço compõe o posicionamento da marca e gera alternativa de consumo na alta, média e baixa estação.

BdFRS – Como avalias os governos estadual e federal no trato com o turismo neste ano de 2023? Podemos ter esperança de um futuro mais sólido?

Abdon – No governo federal, estou acompanhando o novo papel do Embratur, com novas funções criadas pelo governo anterior e com apoios das entidades. O foco é a Promoção do Destino Turístico Brasil no mundo. Se houver oportunidade, poderei sugerir parcerias estratégicas com as companhias aéreas, embaixadas e imprensa para fortalecer as “boas notícias”. É o modelo utilizado nos principais Destinos Turísticos no planeta.

No Ministério do Turismo do Brasil houve duas trocas e estão formando equipe. Espera-se a continuidade de boas políticas anteriores. No governo estadual, houve uma série de mudanças, com 5 ou 8 responsáveis pela secretaria. Preciso entender quais as políticas públicas que estão sendo aplicadas. Lembro que o fenômeno turístico é transversal e envolve investimentos e boas gestões.

BdFRS – Para finalizar, o que achas da situação do Rio de Janeiro, belo em atrações, mas inseguro e temeroso para os turistas?

Abdon – É lamentável o que ocorre por lá. Esperamos medidas adequadas urgentes para garantir a segurança pública. Sejamos otimistas.

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